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Tax Justice Network ■ Sigilo financeiro abala as democracias, reporta o Índice de Sigilo Financeiro

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A golden Trump figure head stands before stacks of money

Sigilo financeiro abala as democracias, reporta o Índice de Sigilo Financeiro

Riscos para as democracias amplificam dinâmica de “duas-caras” de opacidade financeira da União Europeia

Os países que fornecem a maior parte do sigilo financeiro estão em processo de autocratização, revela a última atualização do ranking da Tax Justice Network acerca dos principais facilitadores mundiais de fluxos financeiros ilícitos e opacos.1

Países que lideram o ranking de sigilo financeiro pioraram suas classificações junto aos órgãos de monitoramento da democracia. Essa tendência se verifica inclusive nos EUA, que novamente ocupam o primeiro lugar, e foram rebaixados este ano pelo Projeto Polity de uma democracia para uma anocracia.2

A evolução dos países que ocupam os primeiros lugares no ranking ilustra os riscos amplamente discutidos que a opacidade financeira inflige às democracias, e torna ainda mais preocupante o papel dual e ambíguo desempenhado por países da União Europeia em seu papel de facilitadores da opacidade financeira, fato destacado pela Tax Justice Network nesta edição.

Uma avaliação aprofundada dos instrumentos de transparência e cooperação tributária adotados pelos países da UE – e pelos quais eles obtiveram boa pontuação em classificações anteriores – revela que a maioria destes países age deliberadamente de forma menos transparente e cooperativa em relação aos países de renda baixa, às vezes chegando ao ponto de praticamente anular os instrumentos internacionais que ratificaram.

O ranking da Tax Justice Network revela que mais da metade (56%) dos países da UE está usando uma brecha pouco conhecida na legislação internacional para proteger os sonegadores de países de fora da UE, contornando assim seus compromissos legais para ajudar a recuperar impostos não pagos de sonegadores de impostos que escondem ativos em seu território, e tornando muito mais fácil do que se pensava anteriormente a movimentação de capital ilícito e opaco, algo  que fragiliza o estado de direito3.

A nova publicação identifica que os países da UE não fazem uso dessa brecha legal entre si e ajudam regularmente uns aos outros na luta contra os sonegadores de impostos em seus respectivos países.

Essa dinâmica de “duas-caras” dos países da UE em relação à opacidade financeira faz com que, no papel, eles sejam líderes em transparência financeira, enquanto na prática estão entre os principais fornecedores de opacidade financeira do mundo, o que pode representar um risco para a democracia, tanto dentro quanto fora da UE.

Segundo o V-Dem4, os países da UE na Europa Ocidental, retornaram, neste ano aos níveis de democracia de 1983 e, na Europa Oriental, tem experimentado uma forte regressão democrática. Os países da EU aumentaram sua participação na oferta global de opacidade financeira mais do que qualquer outra região.

Estes países são agora responsáveis por mais de um quinto (21%) da oferta global de opacidade financeira, o que faz com que sua falta de cooperação e transparência fiscal seja particularmente prejudicial aos países de baixa renda, que são mais dependentes das receitas fiscais e, portanto, mais vulneráveis ao abuso fiscal.

As descobertas sobre este comportamento dual da UE em relação ao sigilo fiscal expõem de forma implacável a resistência do bloco ao trabalho atualmente em andamento na ONU para reformar a cooperação e a transparência fiscal internacional.

Moran Harari, vice-diretora de políticas da Tax Justice Network, disse:

“A maioria dos países está trabalhando atualmente na reforma das regras fiscais internacionais na ONU, mas os países da UE continuam tentando barrar esse processo com o argumento de que ‘ não se mexe em time que está ganhando’. Nossas descobertas mostram que as regras, de fato, estão quebradas, e que os países da UE tiveram um papel importante nisso. Há um padrão claro: os países da UE restringem a evasão fiscal internamente, mas protegem evasores no exterior. Qualquer discurso da UE contra a reforma das regras fiscais na ONU deve ser interpretado à luz desse contexto.”

O tradicional Índice de Sigilo Financeiro classifica os países de acordo com seu grau de cumplicidade em ajudar pessoas físicas e jurídicas a ocultar seus ativos do império da lei. O índice avalia quanto espaço para o sigilo financeiro as leis e regulações de um país permitem, e monitora o volume de serviços financeiros offshore que o país fornece a residentes de outros países. Essa abordagem de dois fatores permite ao índice determinar o papel real que cada país desempenha na promoção do sigilo financeiro na prática, e não apenas na teoria, ao contrário da maioria das chamadas ‘listas de paraísos fiscais’5.

O sigilo financeiro e a autocratização caminham juntos

A comparação do Índice de Sigilo Financeiro da Tax Justice Network com o Índice de Democracia Liberal do V-Dem6 mostra que os países que fornecem mais sigilo financeiro estão em processo de autocratização.

Dos dez principais fornecedores de opacidade financeira, oito viram suas autocracias se fortalecerem entre 2018 e 2024, de acordo com o Índice de Democracia Liberal. Dos dois restantes, Cingapura – classificada pelo V-Dem como uma “autocracia eleitoral” – registrou uma ligeira melhora, embora tenha permanecido abaixo da pontuação média da democracia.

O outro país é os Estados Unidos, que teve uma ligeira melhora entre o primeiro governo Trump e o governo Biden, mas que agora está passando por um colapso dramático de governança, não refletido na edição de 2024 do Índice de Democracia Liberal. O Polity Project, que atualizou sua avaliação dos EUA após o retorno de Trump ao poder, rebaixou os EUA de uma democracia para uma anocracia.7

A Coreia do Sul, que sofreu uma tentativa de golpe em 2024, entrou no top 10 do Índice de Sigilo Financeiro pela primeira vez, subindo oito posições e se tornando o oitavo maior provedor de opacidade financeira do mundo. A Coreia do Sul foi rebaixada de “democracia liberal” para “democracia eleitoral” no relatório de 2024 da V-Dem.

Alex Cobham, chefe executivo da Tax Justice Network, disse:

“A democracia tal qual conhecemos hoje começou com uma luta por justiça fiscal: ´No taxation without representation´. Porém, deixamos que os super-ricos e as maiores corporações do mundo operassem fora do alcance dos sistemas tributários por tanto tempo que eles agora acumularam uma riqueza tão extrema que ela chega a ameaçar a própria democracia.

“Vemos isso com mais clareza hoje nos Estados Unidos, que novamente lideram o Índice de Sigilo Financeiro. A democracia norte-americana está capturada por bilionários, sonegadores e lavadores de dinheiro, sujeitos que o próprio país manteve fora do alcance da lei por décadas. Nada ilustra isso com mais clareza do que o desmonte deliberado das ferramentas institucionais que permitem que o Internal Revenue Service (a Receita Federal americana) cobre impostos dos mais ricos e das maiores empresas, enquanto o mesmo governo justifica cortes em serviços públicos essenciais com o argumento falacioso de conter um déficit fiscal que ele mesmo criou.

“A melhor forma de defender nossas democracias é com mais democracia, e é exatamente disso que trata a convenção fiscal da ONU. Isso significa que os governos não poderão mais definir as regras fiscais globais a portas fechadas, ouvindo apenas os lobistas dos super-ricos. Os Estados agora terão a obrigação legal de fazer as regras fiscais globais funcionarem também para as pessoas e para o planeta. É justamente por isso que os bilionários e as multinacionais, que lotaram a primeira fila durante a posse de Trump, têm tanto medo da convenção fiscal da ONU.

“Nestes tempos sombrios para o multilateralismo e a democracia, as negociações da ONU podem ser uma luz no fim do túnel. A cooperação fiscal internacional tem o potencial de fortalecer nossos governos para implementar uma tributação progressiva por sociedades melhores, e demonstrar que todos podemos sair ganhando ao trabalharmos juntos. Chegou a hora de a UE e o Reino Unido deixarem clara sua escolha: vão submeter sua soberania fiscal às pressões dos EUA, ou vão se unir aos países do G77 para construir uma frente comum na ONU?”

EUA capturam parcela menor e mais opaca das finanças internacionais; Espanha e Reino Unido tem parcela maior e mais limpa

Os Estados Unidos lideraram novamente o Índice de Sigilo Financeiro, mantendo sua posição como o maior fornecedor mundial dos tipos de serviços de sigilo financeiro usados por super-ricos, lavadores de dinheiro, sonegadores, evasores de sanções e políticos corruptos que buscam driblar o Estado de Direito.

Sob uma nova administração Trump, os EUA lançaram neste ano um ataque sem precedentes à soberania tributária de todos os países, ao exigir que abram mão do direito de tributar as empresas norte-americanas que operam dentro de seus próprios territórios. 8 Os EUA ameaçaram impor represálias econômicas caso essa exigência não seja atendida.

O fornecimento de sigilo financeiro pelos EUA também representa um ataque à soberania fiscal de outros países, gerando uma perda anual estimada de US$ 37,5 bilhões apenas em impostos devidos por indivíduos ricos.9

A nova edição do Índice de Sigilo Financeiro mostra que, embora os EUA permaneçam no topo do ranking, estão agora captando uma fatia ligeiramente menor e mais opaca das finanças internacionais. A participação dos EUA na oferta global de serviços financeiros offshore caiu de 26% para 25%, enquanto sua Pontuação de Sigilo subiu de 67,4 para 68,6.

Esse mesmo padrão de menor volume e maior opacidade também se repetiu entre os demais países que completam os cinco primeiros lugares do índice — todos mantiveram suas posições: Suíça (2º), Hong Kong (4º) e Luxemburgo (5º). A exceção foi Cingapura (3º), que aumentou tanto sua oferta de serviços financeiros offshore quanto sua Pontuação de Sigilo.

Em contraste, Espanha, Dinamarca e Reino Unido passaram a captar uma fatia significativamente maior, e mais limpa, das finanças internacionais. A participação da Espanha na oferta global de serviços offshore cresceu um terço, de 0,7% para 0,9%, enquanto sua Pontuação de Sigilo melhorou de 57 para 56. A participação da Dinamarca cresceu quase pela metade (46%), de 0,17% para 0,25%, com a Pontuação de Sigilo caindo de 49 para 39. A do Reino Unido aumentou em 11%, passando de 14% para cerca de 16% – a maior após os EUA – ao mesmo tempo em que sua Pontuação de Sigilo caiu de 47 para 45.

Com isso, a Espanha caiu 5 posições no ranking, indo para o 34º lugar; a Dinamarca caiu 26 posições, indo para 106º; e o Reino Unido caiu 7 posições, para o 20º lugar. O crescimento mais limpo desses países no cenário financeiro internacional reforça a constatação de que a corrida para o rebaixamento de padrões não é garantia de crescimento e que na verdade, pode ser contraproducente.

O apoio ambíguo da UE ao sigilo financeiro: uma postura de “duas caras”

Os países da União Europeia tiveram um desempenho fraco no índice em relação a três áreas centrais da transparência e cooperação fiscal.

Em todas essas três áreas, constatou-se que os países da UE estavam ou contradizendo compromissos públicos de formas até então não percebidas, ou operando dois níveis distintos de transparência e cooperação: compartilhando informações e oferecendo assistência a outros países da UE ou de alta renda, mas retendo essas práticas em relação a países de baixa renda. Mais informações sobre esta dinâmica estão disponíveis na nota 10 abaixo.

Essa transparência e cooperação em dois níveis, uma para países ricos e outra para países pobres, revela uma escolha aparentemente deliberada: aplicar a transparência financeira para beneficiar países de alta renda, e o sigilo financeiro para prejudicar os países de baixa renda.

Hora da decisão: sigilo e autocracia com Trump ou democracia e transparência com a ONU

A nova edição do Índice de Sigilo Financeiro adiciona urgência à decisão que muitos países ricos, especialmente os da União Europeia, precisam tomar, alerta a Tax Justice Network: manter o atual sistema tributário global, que falha em conter o sigilo financeiro e que a administração Trump está enfraquecendo ainda mais, colocando em risco a democracia; ou proteger a democracia comprometendo-se com o processo ambicioso em andamento na ONU para reformar o sistema tributário global — um processo que pode pôr fim ao sigilo financeiro e ao qual a maioria dos países já aderiu.

O atual sistema tributário global, em vigor há mais de 60 anos, foi negociado exclusivamente a portas fechadas por um pequeno grupo de países ricos entre eles, os da UE, sob forte influência dos EUA, com acesso privilegiado para lobistas empresariais e exclusão da sociedade civil.

Esse sistema custa quase meio trilhão de dólares11 por ano aos países em receitas perdidas devido ao abuso fiscal de corporações multinacionais e indivíduos ricos, e viabiliza o sigilo financeiro que alimenta riscos de autocratização.

Após uma década de tentativas fracassadas por parte desse grupo restrito de reformar o sistema que eles próprios criaram, a ampla maioria dos países votou, em 2023 nas Nações Unidas, que um novo sistema global deveria ser desenhado e gerido por meio de um processo transparente e democrático, onde todos os países tenham voz – e não apenas os mais ricos. As negociações estão em andamento e devem culminar na primeira convenção tributária da ONU em 2027. 12

Apenas 9 países permanecem contrários à Convenção: Estados Unidos (1º no ranking de sigilo), Coreia do Sul (8º), Japão (10º), Canadá (18º), Reino Unido (20º), Israel (25º), Austrália (29º), Nova Zelândia (53º) e Argentina (104º).

Os países da UE, agindo como bloco, mudaram sua posição de oposição para abstenção em 2024.

Esses países, assim como os poucos ainda contrários à convenção, argumentam que ela duplicaria desnecessariamente elementos do sistema atual, construído pelos países ricos à margem do resto do mundo. Mas os defensores da convenção argumentam que justamente por ter sido construído de forma excludente, o sistema precisa ser consertado, não replicado.

Países já acordaram termos ambiciosos, compromissos e protocolos que a convenção da ONU deverá garantir. Vários desses compromissos atacariam diretamente a atuação dual da UE em relação ao sigilo financeiro, como o compromisso de “assistência administrativa mútua efetiva” — que países da UE atualmente evitam por meio de brechas legais — e o combate aos “fluxos financeiros ilícitos relacionados a tributos, à evasão e à elisão fiscais, e às práticas fiscais nocivas”, que os países da UE combatem internamente, mas continuam promovendo externamente.

Enquanto a ONU convida os países da UE a cooperar na área tributária, esses mesmos países são agora alvo da administração Trump por terem aceitado as propostas de reforma tributária global do governo Biden. No primeiro dia de seu segundo mandato, Trump desmantelou o processo de negociação usado pelos países ricos nas últimas seis décadas para definir regras fiscais internacionais.

No mesmo dia, Trump contestou o direito histórico dos países de tributar os lucros gerados dentro de seus territórios, ameaçando retroceder a política tributária internacional à era anterior à Liga das Nações – quando apenas a potência imperial de origem da empresa podia tributá-la, independentemente de onde operasse.

Sergio Chaparro-Hernandez, responsável por políticas internacionais e advocacy da Tax Justice Network, afirmou:

“Os países da UE enfrentam uma escolha: soberania tributária na ONU ou subjugação tributária sob Trump. A convenção tributária da ONU não trata apenas de justiça fiscal – trata da própria base das democracias: sem representação, sem tributação.

“Os países da UE precisam se perguntar: somos realmente uma democracia se nossas leis fiscais forem ditadas por Trump? A vontade do nosso povo ainda governa nosso território, ou deixaremos nossas economias serem exploradas por empresas norte-americanas que não pagam impostos e não prestam contas a ninguém?

“A convenção da ONU começou com o objetivo de consertar o sistema global de impostos. Mas agora se tornou nossa melhor chance de defender a soberania fiscal e a democracia num mundo que ameaça regredir à autocracia. Não é coincidência que essa convenção só seja possível hoje porque países africanos e do Sul Global, ex-colônias europeias, derrubaram muitas portas.

“Os países da UE ajudaram a administração Biden a manter essas portas trancadas, mas agora se veem na mira dos EUA. Trump já deixou claro que sua ideia de cooperação tributária é colocar os países sob ameaça econômica. Os países da UE precisam defender suas democracias e soberanias fiscais, e apoiar outros a fazerem o mesmo, apoiando a convenção tributária da ONU.”

– FIM –

Notas para o editor

  1. Indice de Sigilo Financeiro
  2. O Projeto Polity atualizou o “Polity Score” dos EUA em 2025 para 0, apontando-o na linha de fronteira entre democracia e autocracia e classificando-o como uma anocracia. O Projeto Polity afirma que: “Os EUA não são mais considerados uma democracia e estão no limiar da autocracia; eles sofreram um golpe presidencial e um evento de mudança adversa de regime (queda de 8 pontos em sua pontuação POLITY)”.O conjunto de dados abrange todos os principais estados independentes do sistema global no período de 1800 a 2018 (ou seja, estados com uma população total de 500.000 ou mais no ano mais recente; atualmente 167 países com refinamentos do Polity5 concluídos para cerca de metade desses países).

    O Projeto Polity é único no sentido de examinar qualidades concomitantes de autoridade democrática e autocrática em instituições de governo, em vez de formas de governança discretas e mutuamente exclusivas. Essa perspectiva prevê um espectro de autoridade governamental que abrange desde autocracias totalmente institucionalizadas, passando por regimes de autoridade mistos ou incoerentes (denominados “anocracias”), até democracias totalmente institucionalizadas. Com o apoio da Força-Tarefa de Instabilidade Política (PITF) dos EUA, o Projeto Polity IV foi transformado em um esforço de coleta de dados vivo, o que significa que ele monitora constantemente as mudanças de regime em todos os principais países e fornece avaliações anuais das características da autoridade do regime, mudanças e atualizações de dados. O PITF encerrou seu apoio ao Polity no início de 2020. Desde então, o Projeto Polity tem sido atualizado de forma intermitente.

  3. O Índice de Sigilo Financeiro constatou que mais da metade dos países da UE adotaram reservas à Convenção sobre Assistência Administrativa Mútua – um instrumento tributário internacional que permite que os países ajudem uns aos outros a cobrar impostos devidos por sonegadores confirmados quando o sonegador de um país esconde sua riqueza não tributada em outro país. O exercício de reservas permite que os países da UE se eximam de ajudar a outros países, especificamente países não pertencentes à UE. Um instrumento jurídico separado da UE torna essa assistência de cobrança obrigatória entre os países da UE, revelando o padrão duplo de cooperação tributária dos países da UE. As reservas incorporadas ao instrumento internacional são resultado do fato de que apenas um pequeno círculo de países ricos, incluindo os países da UE, teve voz ativa na elaboração e negociação do instrumento. Os países da UE que estão fazendo reservas quanto à cooperação com a cobrança de dívidas fiscais são: Áustria, Chipre, Alemanha, Croácia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Letônia, Malta, Polônia, Portugal, Eslovênia e Eslováquia.
  4. O V-Dem fornece um conjunto de dados multidimensional e desagregado que reflete a complexidade do conceito de democracia como um sistema de governo que vai além da simples presença de eleições. O V-Dem Democracy Report 2025 está disponível aqui.
  5. Para mais informações sobre o uso de “blacklists” e comparação com o Índice de Sigilo Financeiro, consulte nosso artigo na IFC Review. Metodologia e indicadores do índice serão atualizados na página oficial após o lançamento do índice em 3 de junho de 2025.
  6. Ver nota 4.
  7. Ver nota 2.
  8. Mais informações sobre os ataques de Trump à soberania fiscal estão disponíveis aqui. Para uma análise detalhada das consequências da administração Trump para a tributação internacional, veja nosso briefing.
  9. As estimativas de perdas fiscais são da Tax Justice Network no relatório State of Tax Justice 2024, que aponta perdas globais anuais de US$492 bilhões em impostos por evasão e elisão fiscal de corporações multinacionais e indivíduos ricos.
  10. Os países da UE tiveram um desempenho ruim no índice em três áreas principais de transparência e cooperação tributária:
    1. Cooperação na cobrança de impostos devidos por sonegadores de impostos
      O Índice de Sigilo Financeiro constatou que mais da metade dos países da UE faziam reservas à Convenção sobre Assistência Administrativa Mútua – um instrumento tributário internacional que permite que os países ajudem uns aos outros a cobrar impostos devidos por sonegadores confirmados quando o sonegador de um país esconde sua riqueza não tributada em outro país. O exercício de reservas permite que os países da UE retenham a ajuda a outros países, especificamente países não pertencentes à UE. Um instrumento jurídico separado da UE torna essa assistência obrigatória entre os países da UE, revelando o padrão duplo de cooperação tributária dos países da UE. As reservas incorporadas ao instrumento internacional são resultado do fato de que apenas um pequeno círculo de países ricos, incluindo os países da UE, teve voz ativa no projeto e na negociação do instrumento.
    2. Transparência pós-Panama Papers sobre proprietários de empresas
      Cerca de um quinto dos países da UE eliminou as salvaguardas antisigilo desde a última atualização do Índice de Sigilo Financeiro que foram implementadas em resposta aos Panama Papers, deixando apenas cerca de um quarto dos países da UE com as salvaguardas ainda em vigor. As reviravoltas vêm na sequência da controversa decisão do Tribunal de Justiça Europeude impedir o acesso público aos registros de propriedade beneficiária. O acesso público a esses registros introduziu transparência sobre os verdadeiros proprietários, feitos de carne e osso, de empresas e outros veículos legais, eliminando as táticas de sigilo expostas pelos Panama Papers, que protegeram os indivíduos da transparência e da responsabilidade. Embora os países da UE ainda estejam coletando e compartilhando confidencialmente informações sobre propriedade beneficiária entre si, o retrocesso no acesso público criou um blecaute de transparência para o resto do mundo. Alguns países da UE são destinos populares para empresas de fachada, o que torna o bloqueio de propriedade extremamente problemático para os esforços dos países de baixa renda para evitar a corrupção e os crimes financeiros.
    3. Transparência na transferência de lucros de empresas multinacionais
      Verificou-se que todos os países da UE estão exercendo dois níveis de transparência sobre a transferência de lucros de empresas multinacionais. A UE transpôs a diretiva PCbCR em 2023, introduzindo uma medida de transparência fiscal – proposta pela primeira vez pela Tax Justice Network 20 anos antes – que foi projetada para expor uma empresa multinacional sempre que ela transferir lucros para fora de um país para pagar menos impostos. No entanto, embora a diretriz exija que as empresas multinacionais se manifestem publicamente sobre as movimentações de seus lucros em relação aos países da UE (e a alguns países listados na lista da UE de jurisdições “não cooperativas”), ela permite que elas permaneçam em sigilo sobre as movimentações de seus lucros em relação a outros países. Como a maioria das empresas multinacionais tem sede na UE, muitas vezes deliberadamente em lugares de alto nível como Luxemburgo (5º), Holanda (7º) e Irlanda (14º) para pagar menos impostos devidos a outros países, a nova diretriz mantém o resto do mundo exposto ao abuso fiscal global desenfreado. Estima-se que os países percam US$ 74 bilhões em impostos corporativos não pagos por ano devido a empresas multinacionais que transferem seus lucros para países da UE, de acordo com o State of Tax Justice 2024 (consulte a nota 9).
  11. Veja a nota 9.
  12. Uma visão geral e uma análise das negociações atualmente em andamento sobre uma convenção tributária da ONU estão disponíveis aqui.
  13. Os “Termos de Referência” adotados em 2024 antes das negociações sobre uma convenção tributária da ONU estão disponíveis aqui. Informações adicionais sobre os termos estão disponíveis aqui.
  14. Veja a seção 2 do Memorando Presidencial de Trump assinado no primeiro dia de sua presidência aqui. Veja a reação da Tax Justice Network ao memorando aqui. Para uma análise aprofundada das consequências do novo governo Trump para os impostos internacionais, consulte nosso briefing.
  15. Veja a nota 14.
  16. Atualizações contínuas introduzidas na classificação global
    A Tax Justice Network fez alterações na forma como o Índice de Sigilo Financeiro é publicado. Até agora, o índice era atualizado uma vez a cada dois anos. Para cada atualização, todos os indicadores do índice – em relação aos quais as leis e regulamentações dos países são avaliadas – eram atualizados simultaneamente. A partir de 2025, o índice será atualizado em uma base contínua, em lotes. Cada lote incluirá atualizações para um conjunto de indicadores, seguindo o novo ciclo de atualização do índice.

    A nova abordagem permite que o Índice de Sigilo Financeiro capte a mudança regulatória mais próxima do momento em que ela ocorre e ofereça uma visão mais dinâmica da cumplicidade dos países na viabilização do sigilo financeiro global.

    A última atualização consiste em atualizações de 5 dos 20 indicadores do índice. A maioria desses indicadores avalia a transparência fiscal e a cooperação internacional dos países. A atualização do índice também consiste em várias “atualizações suplementares”, ou seja, alterações relativas a indicadores que não fazem parte do ciclo de atualização atual, mas que foram levadas ao conhecimento da Tax Justice Network, verificadas por seus pesquisadores e atualizadas no índice como parte do lote atual antes do ciclo. Por fim, a última atualização também inclui novos dados sobre a escala de serviços financeiros offshore que os países fornecem a não residentes – essa métrica é atualizada anualmente. Um registro detalhado de todas as alterações capturadas na última atualização do índice estará disponível no site do Índice de Sigilo Financeiro quando a última atualização for publicada em 3 de junho de 2025.